Lucy está se sentindo exausta. A rotina de buscar café para produtores de TV , croissants a deixou sobrecarregada. Somam-se a isso uma sequência de desastres amorosos, um apartamento úmido dividido com colegas que sempre se esquecem de comprar o básico — como papel higiênico — e uma sensação constante de fracasso e cansaço.
Depois de mais um dia difícil, ela aceita ir a um encontro que, como tantos outros, termina de forma frustrante. Em desespero, Lucy decide apelar para o destino e coloca uma moeda em uma máquina de desejos que encontra no caminho de casa. Seu pedido é simples e intenso: pular diretamente para a melhor parte de sua vida.
No dia seguinte, ela acorda com uma aliança no dedo e um homem atraente ao seu lado. Além disso, ocupa um cargo de alto nível no trabalho e tem dois filhos. Lucy mal consegue acreditar que aquilo seja real — principalmente quando se olha no espelho e vê o rosto de uma mulher de 40 anos. Será que ela realmente avançou no tempo, como sempre quis, ou apenas perdeu uma grande parte da própria vida? Enquanto tenta se adaptar à nova realidade, Lucy começa a perceber as vantagens da maturidade, mas também se vê diante de uma grande questão: é possível voltar à vida que deixou para trás? E, se for, terá coragem de abandonar aquilo que parece ser a melhor fase?
Antes dessa reviravolta, o dia de Lucy já havia começado com o pé esquerdo. Um vazamento no banheiro, papel higiênico acabado, dinheiro curto para o café da manhã e uma chefe exigindo que ela comprasse croissants tornaram tudo ainda mais caótico.
Dedicatória: para o meu eu de vinte e seis anos. Aguenta firme, gata.
Esse livro foi um dos meus achados no BibliON e aqueceu muito o meu coração. A identificação é inevitável — afinal, quem nunca desejou pular direto para a parte boa da vida e esquecer as fases difíceis?
A história me lembrou bastante o filme Click, estrelado por Adam Sandler, em que o personagem pula partes importantes da vida para chegar mais rápido ao sucesso profissional e acaba vivendo tudo no automático. A sinopse apresenta o livro como uma comédia romântica com toques de fantasia, que brinca com viagens no tempo e remete a clássicos como Quero Ser Grande e De Repente 30. Confesso que nunca assisti a Quero Ser Grande, mas depois dessa leitura fiquei com muita vontade de ver — enquanto De Repente 30 é, sem dúvidas, um clássico.
- Posso ajudar, lindinha? - pergunta ela com um sotaque escocês enquanto descarta um quatro de ouros - Está procurando por algo específico?- Uma nova vida - respondo sorrindo para que ela saiba que estou brincando, mas nesse ponto, não estou. A minha língua está doendo, e decido que vou deletar todos os aplicativos de relacionamento do meu telefone. Vou ter que encontrar o amor do jeito antigo: bêbada num bar. Enquanto penso em quanto tempo posso passar aqui sem comprar nada, deixando pegadas pelo chão, encontro uma máquina estranha no fundo da loja. Não parece pertencer a aquele lugar. Tem o tamanho de um caixa eletrônico grande, e, na parte de cima, em letras douradas desgastadas pelo tempo, está escrito "Máquina de desejos".
Achei muito interessante a construção e o amadurecimento da personagem nessa “nova vida”. A autora foca bastante nas relações de Lucy com a maternidade, o marido e os amigos. Há também uma leve abordagem sobre Alzheimer por parte dos pais, sem se aprofundar demais. Além disso, o livro traz uma atmosfera futurista, com carros automáticos e robôs, o que deixou a leitura curiosa e nada cansativa.
Um dos pontos que mais me agradou foi o relacionamento de Lucy com seu filho mais velho, Félix. Ele percebe que aquela mulher não é exatamente a mãe que conhecia e, quando Lucy explica a situação, ele faz de tudo para ajudá-la a “voltar para a Terra”, como costuma dizer. Aos poucos, Lucy começa a recuperar traços da personalidade da mulher que era antes. Em determinado momento, cheguei a pensar que ela escolheria permanecer no futuro, mas o peso de não se lembrar das próprias memórias começa a afetá-la profundamente. Ela tinha uma nova vida nas mãos, mas não queria perder aquilo que realmente importava.
Eu quero...quero pular para a parte boa, quando a minha vida já estiver nos eixos. Estou cansada de estar sem dinheiro, solteira e estagnada. Quero poder ir logo para o momento em que sei o que estou fazendo, quando tenho algo parecido com uma carreira, quando eu já tiver conhecido a minha cara metade e não precise mais sair em outro encontro desesperador. Só quero morar em um lugar legal, com teto sem goteiras e um chuveiro sem ossos. Se o amor da minha vida estiver por aí, quero chegar na parte em que ele já está na minha vida. Só quero ir para a parte boa da minha vida.
Também achei muito bonita a reconstrução do relacionamento com Sam, seu marido. A rotina havia tomado conta de tudo: casa, filhos, trabalho. Não sobrava tempo para o casal. Nessa nova fase, o trabalho de Lucy vem sempre em primeiro lugar — não porque ela ame menos os filhos, mas porque o tempo já não permite tantos momentos de conexão, brincadeiras ou programas a dois. E a versão futuristica de Lucy eles saiam para encontro, conversavam a noite inteira, brincava com os filhos no parque, coisas que antes eles não faziam mais, foi muito legal vê eles resgatando pequenas coisas que iam sendo engolidas pelo trabalho e outras coisas do cotidiano.
- Tenha cuidado com o que deseja - diz a senhora, e levanto o olhar para ver que ela me observa de sua cadeira atrás do balcão. - A vida nunca está resolvida, não importa em qual estágio você esteja.
Outro personagem que me chamou atenção foi o antigo morador do prédio, o senhor Finkley. No futuro, ele desenvolve uma amizade com o filho de Lucy e se mostra apenas um homem solitário, em busca de companhia. Lucy carrega um pré-julgamento enorme sobre ele, mas percebe que, às vezes, tudo o que alguém precisa é de uma conversa.
Uma coisa que você vai encontrar muito nesse livro são diversas referências a cultura pop, é muito bom quando ela vai falando de Carrie Bradshaw ou de alguma outra série/filme e ninguém entende nada.
Amei demais esse diálogo dela com o pai.
- Sabe o que eu sempre amei na jardinagem? - pergunta ele, e eu faço que não com a cabeça. - As plantas não se importam com quem somos, o que fizemos ou o que esquecemos. Se você as visitar com frequência e cuidar bem delas, vai saber do que precisam. As pessoas também são assim, não precisamos saber toda a história de alguém para saber que ela precisa de um abraço. - Ao dizer isso, ele me puxa para seus braços.- Ah, pai. - digo e me entrego
Esse é o meu primeiro contato com a escrita da Sophie Cousens, e quero muito ler outras de suas obras, foi uma delicia ler esse livro e recomendo muito!
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Título: A parte boa da vida
Autora: Sophie Cousens
Páginas: 272
Editora: Gutenberg
Avaliação: ⭐ 5.0
Quem nunca sonhou em pular as partes difíceis e cruzar logo a linha de chegada para desfrutar do melhor que a vida tem a oferecer? A parte boa da vida é uma comédia romântica com um toque de fantasia que nos leva a uma viagem no tempo no molde dos clássicos filmes Quero ser grande e De repente 30 .
Aos 26 anos, Lucy Young está se sentido exausta. A rotina de buscar cafezinhos para os produtores de TV sêniores a estafou. Também já atingiu sua cota de desastres amorosos, e dividir um apartamento úmido com colegas que sempre se esquecem de comprar o papel higiênico tornou-se cansativo.
Então, após mais um encontro frustrante, ela decide apelar para o destino e colocar uma moeda numa máquina dos desejos que encontrou pelo caminho. Fechando os olhos, Lucy deseja com todas as suas forças pular diretamente para a melhor parte da sua vida.
Na manhã seguinte, surpreende-se ao acordar com uma aliança na mão esquerda e um homem superatraente ao seu lado. Com um alto cargo no trabalho e um incrível casal de filhos, Lucy mal consegue acreditar que isso é real - especialmente quando olha no espelho e vê refletido o rosto de uma mulher de 40 e poucos anos. Será que realmente avançou no tempo como sempre quis ou apenas perdeu uma grande parte da sua vida?
Enquanto se adapta aos novos relacionamentos e às vantagens da maturidade, ela se vê diante de uma grande questão: será possível voltar à vida que deixou para trás? E, se for possível, ela terá coragem de abandonar essa melhor fase?
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Interessante essa história, também gostaria de pular pra parte onde eu já estou casada com o amor da minha vida, porque tô cansada dos dates frustrantes :(
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