Dava, prestes a morrer, vaza antecipadamente a notícia de sua própria morte para ter a chance de ver como seu legado seria lembrado. A decisão deixa seus filhos horrorizados e, acidentalmente, expõe segredos que ela passou a vida inteira tentando esconder.
Uma das mulheres mais ricas do mundo, Dava sempre manteve uma reputação impecável. Dedicou grande parte dos seus 70 anos à arte e à luta pelo empoderamento feminino. Contudo, um diagnóstico tardio de câncer no cérebro muda tudo, e ela decide tomar as rédeas até mesmo de sua própria morte.
Ela providencia que o anúncio seja divulgado antes da hora para poder ler os obituários e descobrir o que diriam sobre sua longa vida dedicada à filantropia. Para sua surpresa — e desespero —, sua “morte” acaba revelando segredos que ela acreditou ter enterrado para sempre. Agora, seus filhos finalmente sabem aquilo que ela fez de tudo para esconder.
Quando li a sinopse desse livro, imaginei imediatamente que seria uma leitura fluida e envolvente — e eu não estava errada. O livro me lembrou, de certa forma, Os Sete Maridos de Evelyn Hugo. Eu sei que são histórias totalmente diferentes, mas a sensação da narrativa me trouxe essa lembrança.
Achei curioso — e até um pouco estranho — o fato de Dava anunciar sua própria morte apenas para descobrir o que as pessoas achariam dela.
“A última coisa que Dava Shastri queria era ser inútil, isso seria sua morte em vida”.
No início da história, Dava chama sua família para uma ilha particular. Eles, no entanto, não fazem ideia do diagnóstico, já que ela ainda não havia contado sobre o câncer terminal. Então, ela decide compartilhar a verdade e anuncia que pretende partir pelos seus próprios meios — algo que sua família não aceita muito bem. Conforme fui lendo, percebi que cada filho carrega feridas sensíveis relacionadas à mãe.
Por incrível que pareça, existem artistas extremamente famosos que cresceram sem uma figura materna ou paterna presente. No caso da família de Dava, porém, era o contrário do que muitos imaginariam: quem realmente esteve presente em várias fases do crescimento dos quatro filhos foi o marido, e não Dava. Ela, apesar de amar a família, acabava se dedicando mais ao trabalho, à carreira e à filantropia do que ao convívio diário com eles.
Ainda assim, ao satisfazer sua curiosidade e ver como seria lembrada, Dava se depara com um choque: ela não era destacada pelos feitos filantrópicos que desejava, mas sim por antigas polêmicas envolvendo seu nome. A notícia, inicialmente cheia de elogios, logo se transforma em escândalo quando ressurgem boatos de um caso extraconjugal com um cantor — inclusive há uma música com seu nome. Seu marido, sua família e a mídia já desconfiavam disso, o que intensifica ainda mais o drama.
“Eu queria ler o que o mundo tinha para me dizer sobre mim antes de eu morrer. Mas talvez devesse me importar mais com o que vocês têm a dizer sobre mim. “
Um aspecto interessante é que a história se passa no futuro, a partir de 2018. Isso me chamou a atenção porque a maioria dos livros tende a narrar acontecimentos do passado, e aqui a perspectiva temporal é diferente.
À medida que o livro avança, seus filhos tentam aceitar o legado da mãe e o próprio relacionamento com ela, marcado por ausências. Cada um precisa rever seus conceitos e seu propósito. Fica evidente que há mágoas profundas relacionadas à fama da mãe.
Dava se preocupava tanto em servir o mundo que esqueceu quem estava ao lado dela. Ela sequer conhecia os próprios netos, e seus filhos enfrentavam problemas dos quais ela não tinha a menor ideia.
Conforme a leitura avançava, confesso que comecei a cansar um pouco. Embora seja fluido, o livro poderia ter desenvolvido melhor os segredos que ela carregava — no fim das contas, não foi um choque tão grande, porque todos já desconfiavam. Também senti falta de um aprofundamento maior nos conflitos internos dos filhos: um deles lida com muita raiva pelas mágoas envolvendo as supostas traições da mãe; outro está prestes a se tornar pai, mas sabe que a mãe não estará lá para conhecer o neto; uma filha teme ser comparada a Dava; e outra vive uma relação a três enquanto tenta construir sua carreira como artista plástica.
Dava carregava uma máscara de supermãe, mas, no fundo, estava extremamente esgotada.
Se você está procurando uma leitura diferente, recomendo bastante este livro. Ele retrata uma família tentando lidar com a morte iminente da mãe e aproveitando seus últimos dias ao lado dela.
Tenho buscado sair da minha bolha de ler apenas romances ou fantasia. Às vezes, quero leituras mais dramáticas, que me façam refletir — e esse livro trouxe exatamente isso.
Quando peguei o livro pela primeira vez, fiquei encantada com a sinopse. Não sentia algo assim desde Os Sete Maridos de Evelyn Hugo. O livro tinha tudo para ser uma leitura 5 estrelas, mas, no meio do caminho, acabou me decepcionando um pouco. Ainda assim, fui totalmente fisgada pela premissa, e a experiência foi surpreendente.
Título: O último dia de Dava Shastri
Autora: Kirthana Ramisetti
Páginas: 419
Editora: Astral Cultural
Avaliação: ⭐ 3.5
Uma matriarca bilionária prestes a morrer vaza, antecipadamente, a notícia de sua morte para ter a chance de analisar seu legado – decisão que deixa seus filhos horrorizados e, acidentalmente, expõe segredos que ela passou a vida toda tentando esconder. Dava Shastri, uma das mulheres mais ricas do mundo, sempre manteve uma reputação impecável. Dedicou boa parte dos seus setenta anos às artes e à luta pelo empoderamento feminino. No entanto, um diagnóstico de câncer no cérebro muda tudo, e Dava decide — bem como em todos os outros aspectos de sua vida — tomar as rédeas da própria morte.
Dava providenciou que o anúncio de sua morte fosse divulgado antecipadamente, para que pudesse ler seus obituários e, assim, descobrir o que iriam dizer sobre sua longa vida dedicada à filantropia. Para sua surpresa e desespero, sua "morte" revela dois segredos catastróficos, que ela pensava ter enterrado para sempre. E agora o mundo inteiro sabe deles, incluindo seus filhos.
No tempo que ainda lhe resta, Dava precisa fazer as pazes com as decisões que a levaram até esse momento – e com as pessoas próximas dela, antes que seja tarde demais.
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